"A educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas.
Pessoas transformam o mundo".

Paulo Freire.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Reforçando algumas informações!


Caros estudantes,

  1. O estudante que fizer a atividade no blog não precisa me apresentar o caderno, pois sua atividade ficará registrada no aplicativo;
  2. No blog disponibilizei todas as informações necessárias para realizar as atividades;
  3. Logo no início da pandemia a especialista, preocupada com aprendizagem dos alunos, solicitou que enviássemos atividades, por isso, na página de cada turma foi postada algumas atividades. Todos devem fazer as atividades interativas, ou seja, as que você preenche direto do blog;
  4. Para os estudantes que não tem acesso à internet os PET's serão disponibilizados na versão impressa pela escola. Ou seja, todos terão acesso as atividades do PET;
  5. Os estudantes que quiserem fazer as atividades no caderno poderão enviá-las pelo e-mail (proflucianahistoriavirtual@gmail.com) ou pelo zap no privado;
  6. Sobre a correção das atividades: postarei o gabarito sempre na segunda-feira; nas questões de múltipla escolha o aplicativo informa o número de acerto e erros automaticamente;



Reflexão:

Fomos retirados da nossa zona de conforto de um jeito que jamais 
imaginamos. A situação que estamos vivendo exige mudança, 
quebra de paradigmas. 
É necessário pensar diferente, ouvir a opinião dos outros
com mais atenção, buscar soluções  e usar a nossa criatividade. 
Dentro desse contexto cabe algumas perguntas: 
Quando vou à escola estou realmente em busca de
conhecimento? A escola é importante para mim e para minha família? 
O que aprendo na escola é importante para minha vida?
O maior legado de uma boa educação ao estudante é a autonomia,
 ou seja, é a capacidade de buscar o conhecimento por si  próprio usando
 as habilidades que desenvolveu.
 Mas nada disso valerá a pena se não tiver amor.
Pense! Reflita! Ao invés de nota vamos buscar conhecimento,
 porque o saber tem sabor! 

Para finalizar leia a história abaixo (Maravilhosa!!!!) - faça comentários, 
quero saber sua opinião!




O sabor do saber [Rubem Alves]
23 de março de 2017
“A boca fala do que está cheio o coração”: esse é um ditado da sabedoria judaica que se encontra nas escrituras sagradas. Bem que poderia ser a explicação sumária daquilo que a psicanálise tenta fazer: ouvir o que a boca fala para chegar ao que o coração sente. Acontece comigo. Cada texto é uma revelação do coração de quem escreve. Pois o meu coração ficou cheio com uma coisa que me disse minha neta Camila, de 11 anos. O que ela falou fez meu coração doer. Como resultado, fico pensando e falando sempre a mesma coisa.
A Camila estava na sala de televisão sozinha, chorando. Fui conversar com ela para saber o que estava acontecendo. E foi isto que ela me disse:
“Vovô, quando eu vejo uma pessoa sofrendo, eu sofro também. O meu coração fica com o coração dela”.
Percebi que o coração da Camila conhecia aquilo que se chama “compaixão“. Compaixão, no seu sentido etimológico, quer dizer “sofrer com”. Não estou sofrendo, mas vejo uma pessoa sofrer. Aí, eu sofro com ela. Ponho o outro dentro de mim. Esse é o sentido do amor: ter o outro dentro da gente. O apóstolo Paulo escreveu que posso dar tudo o que tenho aos pobres, mas, se me faltar o amor, nada serei, porque posso dar com as mãos sem que o coração sinta.
A compaixão é uma maneira de sentir. É dela que brota a ética. Alguém foi se aconselhar com Santo Agostinho sobre o que fazer numa determinada situação. Ele respondeu curto e definitivo: “Ama e fazes o que quiseres”. Pois não é óbvio? Se tenho compaixão, nada de mau poderei fazer a quem quer que seja.
Fernando Pessoa escreveu um curto poema em que descreve a sua compaixão. Por favor, leia devagar: “Aquele arbusto fenece, e vai com ele parte da minha vida. Em tudo quanto olhei fiquei em parte. Com tudo quanto vi, se passa, passo. Nem distingue a memória do que vi do que fui”. Compaixão por um arbusto… Ele explica esse mistério da alma humana dizendo que “em tudo quando olhei fiquei em parte. Com tudo quanto vi, se passa, passo…”. Os olhos, movidos pela compaixão, o faziam participante da sorte do pequeno arbusto.
Eu já sabia disso, mas nunca havia enchido o meu coração a ponto de doer. Doeu porque liguei a fala da Camila a essa tristeza que está acontecendo no Brasil. Os corruptos são homens que passaram pelas escolas, são portadores de muitos saberes. Tendo tantos saberes, o que lhes falta? Falta-lhes compaixão.
A falta de compaixão é uma perturbação do olhar. Olhamos, vemos, mas a coisa que vemos fica fora de nós. Vejo os velhos e posso até mesmo escrever uma tese sobre eles, se eu for um professor universitário, mas a tristeza do velho é só dele, não entra em mim. Durmo bem. Nossas florestas vão aos poucos se transformando em desertos, mas isso não me faz sofrer. Não as sinto como uma ferida na minha carne. Vejo crianças mendigando nos semáforos, mas não me sinto uma criança mendigando em um semáforo. Vejo os meus alunos nas salas de aulas, mas meu dever de professor é dar o programa e não sentir o que os meus alunos estão sentindo.
De que vale o conhecimento sem compaixão? Todas as atrocidades que caracterizam os nossos tempos foram feitas com a cumplicidade do conhecimento científico. Parece que a inteligência dos maus é mais poderosa que a inteligência dos bons.
Sabemos como ensinar saberes. Há muita ciência escrita sobre isso. Não me lembro, no entanto, de nenhum texto pedagógico que se proponha a ensinar a compaixão. Talvez o livrinho “Como Amar uma Criança”, do Janusz Korczak – mas Korczak é uma exceção. Ele sabia que, para ensinar algo a uma criança, é preciso amá-la primeiro. Korczak era um romântico. Por isso o amo.
Aí, fiz a mim mesmo uma pergunta pedagógica: “Como ensinar a compaixão?”. Conversando sobre isso com minha filha Raquel, arquiteta, ela se lembrou de um incidente dos seus primeiros anos de escola, quando ainda era uma menina de sete anos. Seria o aniversário da faxineira, uma mulher que todos amavam. A classe se reuniu para escolher o seu presente. Ganhou por unanimidade que, no dia do seu aniversário, as crianças fariam o seu trabalho de faxina. Disse-me a Raquel que a faxineira chorou.
Sei que as crianças aprendem com um olhar especial, o olhar de suas professoras. Elas sabem quando as professoras as olham com os mesmos olhos com os quais Fernando Pessoa olhava o arbusto quando escreveu o poema. Sei também que as histórias provocam compaixão quando o leitor se identifica com um personagem. Sei de um menininho que se pôs a chorar ao final da história “O Patinho que Não Aprendeu a Voar”. Ele teve compaixão do patinho. Identificou-se com ele. Vai carregar o patinho dentro de si, embora o patinho não exista. Lemos histórias para as crianças e para nós mesmos não só para ensinar a nossa língua mas também para ensinar a compaixão. Mas continuo perdido. Preciso que vocês me ajudem. Como se pode ensinar a compaixão?
Fonte: ALVES, Rubem. Sabor do saber. São Paulo, Folha de São Paulo, 27 set. 2005, p. 22



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